A presença das mulheres no COMEX tem aumentado e atualmente elas ocupam postos de trabalhos em portos, aeroportos, transportadoras, importadoras e exportadoras, como agentes de cargas, entre outras funções. Atuando há 30 anos com Comércio Exterior, Marcia Hashimoto, diretora executiva da Infolabor, conta que que já percebeu uma evolução no sentido da participação da mulher nesse mercado. “Na minha época, não havia tantas mulheres. Vi que o cenário mudou. Hoje é possível encontrá-las com maior facilidade, principalmente na área de logística”, conta. Por outro lado, a porcentagem de mulheres em altos cargos na área ainda é menor do que de homens, ainda que o nível de escolaridade seja igual ou até superior.
Uma pesquisa realizada pelo site Mulheres no Comex, no período entre outubro de 2018 e fevereiro deste ano, com 121 participantes atuantes na área, mostrou que 54% das mulheres possuem nível de escolaridade de pós-graduação, contra 46% dos homens. No entanto, 30% das mulheres e 32% dos homens ocupam cargos de gestão. A disparidade também é percebida no quesito salário. As mulheres representam 57% daqueles que ganham até R$5.000,00 enquanto que os homens 36%. Em relação aos salários entre R$ 5.001,00 e R$ 10.000,00, o percentual das mulheres cai para 30%, enquanto o dos homens sobe para 42%.
“O número de mulheres em cargos de liderança na logística internacional é muito pequeno. Acredito que elas conquistaram um espaço devido ao profissionalismo e conseguiram, até mesmo, reconhecimento no mercado de uma forma geral, mas ainda não chegaram às posições de liderança”, explica a executiva. Ela conta que o cenário é bem diferente na China, onde pude observar em uma conferência, há alguns anos, maioria absoluta de gerentes mulheres. “Algo que não se vê muito por aqui. Estamos caminhando, mais ainda há um caminho muito longo a percorrer”, conclui.
Além disso, a pesquisa mostrou que na área de Comex somente 13% das mulheres são empreendedoras contra 42% dos homens, o que pode indicar que elas ainda sofrem com o acúmulo de tarefas, pois, geralmente, trabalham fora e também tomam conta das casas. Ou seja, há ainda muito a ser conquistado nesse sentido, mas a perspectiva é animadora, assim como a ideia de seguir exemplos como o da China, tornando a mulher cada vez mais atuante na importação e exportação.