O primeiro, e principal, é o fornecedor – dê uma olhada no texto anterior que escrevi, especificamente, sobre o assunto. Identificado o fornecedor e validada a qualidade do produto que ele oferece, é hora de se atentar aos preços. Procure auxílio para compreender a composição dos custos desta importação, e então, definir se eles estão dentro das suas expectativas ou não.
No próprio site da Receita Federal, você encontra um simulador de custo de importação, de acordo com a classificação do produto. Ele já te dá a composição dos impostos e até faz os cálculos para você, mas não se esqueça: para a correta composição do cálculo dos impostos é necessário saber o preço do frete internacional e o valor do seguro internacional, que você precisará pesquisar no mercado.
Se optar pela compra com o fornecedor arcando com os custos do frete internacional, você já terá este valor no próprio pedido, mas saiba que este tipo de operação oferece riscos. Também publiquei uma matéria sobre o assunto há algumas semanas, na qual abordo quais são esses riscos e como eles podem impactar de forma negativa o seu processo de importação.
Além dos valores de frete internacional e de seguro, é importante que você incorpore neste estudo os valores de armazenagem, despesas portuárias ou aeroportuárias e o transporte rodoviário para entrega da mercadoria na sua fábrica.
Pois bem, feito o estudo financeiro da operação, você fechou a compra com o fornecedor. Provavelmente ele vai te pedir um valor adiantado. Normalmente isso varia de 20% a 30% do valor total do pedido para início da produção. Então, é hora de você procurar por uma instituição financeira para te auxiliar no pagamento para o exterior. Você pode contar com o seu banco de preferência ou com um corretor de câmbio. Dependendo do valor envolvido, o corretor pode oferecer melhores opções de taxa e facilitar o processo documental, e haverá necessidade de realizar o cadastro da empresa. Definido este parceiro, não esqueça que o pagamento do restante do valor da mercadoria também precisa passar por ele.
Quando você negociou a compra da mercadoria com o seu fornecedor e também fechou com ele as condições de entrega da mercadoria e o modal, é hora de buscar por um parceiro de transporte internacional, o agente de cargas.
Existe no mercado uma infinidade de empresas neste segmento, alguns especialistas em determinados tipos de carga, outros em um tipo de produto e até aqueles conhecedores de uma rota ou modal. De acordo com as especificações do seu processo de importação, você precisa identificar um com a melhor condição para atender a sua empresa. Quando falo de melhor condição não me refiro somente ao preço de frete, mas também ao tipo de serviço oferecido, qual o trajeto que sua carga irá percorrer, quanto tempo ela vai levar para chegar ao Brasil e, chegando aqui, quais os benefícios ele te oferecerá localmente.
Passamos então para a próxima etapa: a armazenagem. Da mesma forma que existem vários agentes de cargas, também há diversos armazéns habilitados para o processo de importação, o que chamamos de armazéns alfandegados, ou seja, locais que possuem autorização da Receita Federal para atuar. Vale lembrar que a carga quando chegar ao Brasil ainda não é sua, estará sob a guarda da Receita Federal e, apenas após a conclusão da nacionalização, é que será sua propriedade. Mas vamos lá, dependendo do tipo de carga e do volume, existe a possiblidade de você negociar para qual armazém você destinará sua carga quando ela chegar. Atente-se para produtos perigosos ou que tenham necessidades especiais de manuseio (carga refrigerada, por exemplo). Escolha um armazém com a estrutura adequada para manusear corretamente a sua carga.
Seguindo as etapas, temos uma das figuras mais importantes do processo, o despachante aduaneiro, com outra infinidade de bons profissionais. Da mesma forma que os parceiros anteriores foram selecionados, escolha um que tenha afinidades com o manejo do seu tipo de processo. Por exemplo, se for produto que demanda anuência da Anvisa, existem despachantes com bons conhecimentos dos trâmites junto a este órgão, assim como ocorre com outras especificidades. Lembre-se: ele será o seu representante junto à Receita Federal. Se possível, converse com ele sobre as especificações dos produtos e a finalidade da importação. Um bom profissional pode também auxiliar quanto à correta classificação dos produtos, sendo este um dos pontos em que a Receita Federal mais se atenta. Ela se utiliza de tecnologia avançada para esta fiscalização, pois é a classificação que define a composição dos impostos de importação, fazendo com que a sonegação de impostos ocorra nesta fase.
Com a carga nacionalizada, é hora de buscar pela transportadora rodoviária. Atualmente, em todas as áreas aduaneiras, tais transportadoras precisam estar devidamente habilitadas para acessá-las, seja em portos ou aeroportos. Portanto, certifique-se de que a transportadora escolhida cumpre com todos estes requisitos. Dependendo do produto, a transportadora precisa de licença para manusear a carga, como no caso dos itens farmacêuticos e produtos perigosos.
Pois bem, com a carga na sua fábrica, o processo está finalizado? Ops, ainda não! Você precisa se certificar agora se os custos reais gastos na operação estão corretos e se ficaram dentro do seu estudo preliminar, lembra dele? Se você acompanhou corretamente todas as etapas e fez uma ótima negociação com todos os seus parceiros, muito provavelmente você ficou dentro das estimativas ou, em um melhor cenário, com valor abaixo do planejado. Este é sempre o nosso target aqui.
Em resumo, com o estudo financeiro feito antes de iniciar o processo, você terá condições de avaliar a viabilidade da importação. Já um outro estudo, efetuado após o processo, é importante para você compor corretamente o custo dos seus produtos importados, seja para revenda desses itens ou para composição do seu processo de fabricação.